Hoje gostaria de falar de um compositor que se tornou um dos pilares centrais da música do século XX. A sua influência foi altamente marcante em compositores desde a sua época até aos dias de hoje.
Olivier Messiaen, compositor francês, altamente católico, organista exímio, ornitólogo e pedagogo importante, ministrou nos cursos de verão em Darmstadt.
A obra que escolhi - Quartour pour la fin du temps (Quarteto para o fim do tempo), é, sem dúvida, a obra mais marcante da vida do compositor. Este conceito, de eternidade, e todo o seu simbolismo poético e religioso, é retirado do livro de Apocalipse (10: 1-7):
"Vi outro anjo forte descendo do céu, vestido de uma nuvem. Por cima da sua cabeça estava o arco-íris; o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo, e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra, e clamou com grande voz, como quando ruge o leão. Tendo clamado, os sete trovões fizeram soar as suas vozes. E quando os sete trovões fizeram soar as suas vozes, eu ia escrevê-las; mas ouvi uma voz do céu que dizia: Sela o que os sete trovões falaram, e não o escrevas. Então o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão direita ao céu, e jurou por Aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora, mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver prestes a tocar a sua trombeta, se cumprirá o mistério de Deus, como anunciou aos profetas, seus servos." (tradução João Ferreira de Almeida, edição contemporânea)
As condições que Messiaen vivia durante a concepção desta obra eram, no mínimo, altamente invulgares. Escreveu o quarteto em 1940, enquanto prisioneiro de um campo de concentração em Silesia. O quarteto, constituido por violino, clarinete, violoncelo e piano, é, em si, uma formação invulgar para a época. Messiaen, na verdade, viu-se obrigado a escrever para esta formação por ser a única que tinha ao dispor no campo de concentração.
Por me ser inpossível de momento disponibilizar toda a obra, escolhi os dois últimos números.
Fouillis d'arcs-en-ciel, pour l'Ange qui annonce la Fin du Temps
Louange à l'Immortalité de Jésus (este descrevo apenas numa palavra: Sublime)
Interpretação:
Ensemble Walter Boeykens
Marjeta Korosek, violino
Walter Boeykens, clarinete
Roel Dieltiens, violoncelo
Robert Groslot, piano
Edição: harmonia mundi
Esta obra foi apresentada pela primeira vez em Janeiro de 1941, perante uma audiência de 5000 reclusos. O compositor retratou as condições memoráveis do concerto: "O frio era agonizante e os intérpretes tocaram em instrumentos danificados (o violoncelo tinha apenas três cordas e as teclas do piano desciam mas não subiam novamente)"
Um compositor que voltarei a mencionar certamente... Olivier Messiaen
segunda-feira, novembro 06, 2006
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2 comentários:
Nunca pensei k fosse possível alguém ter a capacidade de criar fosse o k fosse em condições tão adversas. É estranho o que o ser humano é capaz de suportar... e foi possivelmente a música k o manteve vivo.
Quanto ao blog só tenho uma coisinha a dizer: a frase do cabeçalho tá muuuuuito surrealista. :P
Olha... que história interessante. Bem, além de simpático consegues contribuir para o meu crescimento a nível cultural.. diga-se de passagem que crescer fisicamente, já n cresço mais lol (infelizmente!)
A música em si, teve outro sabor depois de ler o post por completo...
trés bien!!
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